30.8.08

profissão de fé dos arquitetos

A seguir, apresentamos um texto que acabamos redigindo durante a formulação do contrato com o intuito de esclarecer as atribuições do arquiteto nas etapas de projeto (anteprojeto e projeto executivo). Ele dá uma idéia das atividades que já deveriam estar cumpridas ou mais adiantadas (no caso do projeto executivo) antes do início da obra e, assim, do quanto este início de obra deverá ser atribulado.


Anteprojeto

O anteprojeto (ou projeto básico) deve possibilitar, de forma completa e abrangente, a compreensão visual e espacial do objeto a ser construído. Através de plantas (planta de implantação – que inscreve a edificação no terreno – da planta de cobertura e das plantas de cada pavimento), cortes (um corte longitudinal e um corte transversal, no mínimo) e elevações (desenhos das fachadas, quantos forem necessários) devem ser expressos:

- a localização geográfica do edifício a ser construído, com indicação de acessos e a distribuição dos espaços;
-todos os níveis, do terreno, dos pisos e das circulações verticais, quando houver;
-a indicação e pré-dimensionamento das aberturas laterais (portas e janelas);
-a solução estrutural da cobertura (telhado).

O anteprojeto pode conter ainda, por exemplo, indicação de volumes de vegetação, de acordo com a concepção formal que unifica o projeto. Nesta fase, o desenho de móveis é genérico; vale apenas como elemento de verificação da composição e uso dos espaços.

De modo resumido, é correto dizer que o anteprojeto precisa, necessariamente, conter desenhos suficientes para que se consiga, através da representação bidimensional exclusivamente, compreender toda a volumetria, espacialidade e inserção do edifício proposto no contexto.


Projeto executivo

O anteprojeto é completo no que diz respeito à compreensão do edifício, mas não contém indicações suficientes para que o se efetue a construção. Cabe ao projeto executivo detalhar as informações necessárias para que se execute a construção do edifício proposto.

Para que um edifício exista de fato, é necessário que se detalhem e especifiquem a estrutura e mecanismos de funcionamento do mesmo. Neste momento, entram em cena os chamados “projetos complementares”, que incluem, no mínimo, estrutura e instalações (elétrica e hidráulica). Estes projetos são elaborados com base no anteprojeto de arquitetura.
Um bom projeto de arquitetura é aquele que, entre outros fatores, prevê a existência dessas interfaces bastante pragmáticas desde a concepção artística do espaço. Assim, muitas vezes os chamados projetos complementares podem vir a alcançar uma expressão plástica.

Além do que é desenvolvido nos projetos complementares, há detalhes mais diretamente atribuídos à arquitetura que também não são contemplados no anteprojeto. Uma determinada solução esboçada no anteprojeto pode até sugerir um material ou técnica construtiva, mas é nesta primeira etapa do projeto executivo que esse material vai ser definido e quantificado.

Ao desenvolver o projeto executivo, cabe ao arquiteto realizar a compatibilização do projeto de arquitetura com os demais. Esta etapa constitui-se de verificação minuciosa, posterior ou concomitante à elaboração dos projetos, de que cada projeto independente permanece viável ao ser integrado ao todo da obra. Se verificada qualquer incompatibilidade, deve-se resolvê-la nesta etapa do projeto executivo.

Por prestar-se diretamente à viabilização da construção, o projeto executivo deve levar em conta também o planejamento da obra. De posse da compatibilização dos projetos, pode-se esboçar a realização das etapas da construção no tempo e elaborar um cronograma físico-financeiro das tarefas a serem empreendidas. Esta etapa de planejamento deverá contar imprescindivelmente com a participação do responsável pela mão-de-obra.

o terreno


O terreno que abrigará a Casa Anderson tem 11m de frente por 40m de fundo, totalizando 440m2. Está localizado em um trecho plano de uma rua arborizada na Zona Sul de São Paulo e internamente também é praticamente todo plano.

No momento, a frente está fechada por tapumes. Da construção anterior, demolida há poucos meses, restou a edícula, que servirá de canteiro, escritório e alojamento nesta primeira etapa da obra.

Hoje foi minha primeira visita a campo. Compareceram também o Michel e a Anderson, acompanhada de familiares. Lá, encontramos o Cláudio e outros dois operários (em breve faremos a apresentação de todo o time, por enquanto ainda nem chegamos a conhecer todo o mundo). Já estão cravadas 24 estacas strauss (das 29 que devem compor a base da fundação quando a edícula estiver demolida) e no lugar do futuro jardim da sala havia um monte de terra removida para das escavações para abrigar os baldrames e blocos.

Ao final da visita, passamos pelo depósito que tem fornecido os materiais para esta primeira fase da obra e que deve entregar até quarta ou quinta-feira da próxima semana as ferragens montadas para a concretagem da fundação.

Neste primeiro momento, então, o blog deverá intercalar a cobertura da obra e os registros de fatos relevantes que antecederam e prepararam o início dos trabalhos.

25.8.08

o projeto

Plantas do térreo e superior (a seguir). O únicos desenhos de arquitetura disponíveis até agora. Com base neles, foram desenvolvidos os projetos complementares (instalações elétrica e hidráulica, estrutura e mobiliário da cozinha).

O primeiro passo será concluir o anteprojeto de arquitetura e procurar a compatibilização de todos os desenhos. No entanto, a obra começou antes da nossa contratação. Assim, os dois primeiros meses de trabalho pretendem ser uma corrida do projeto para alcançar a obra.

20.8.08

Como fui parar na Casa Anderson

*
Depois de uma reunião de quase cinco horas na última sexta-feira (15.08), recebemos, já na manhã de segunda, a notícia de que nossa proposta de trabalho havia sido aprovada.

Foi a amiga Dina Roldan, arquiteta, que me colocou em contato com Michel, autor do projeto e ex-colega de fau. Ele havia acabado de receber um convite para tocar a obra da casa que havia projetado em 2007 para o casal Anderson, sócios de um restaurante em São Paulo e para os "hóspedes" (o casal de filhos que estuda no exterior).

Sem disponibilidade para assumir a empreitada, mas ao mesmo tempo com muita vontade de acompanhar o processo projeto-construção de mais esse "filho", Michel recorreu aos amigos arquitetos e acabou chegando até mim. A princípio, convidei o amigo Daniel Cunha para assumir a obra junto comigo; mas, como dizem, o mercado da construção está mesmo inflado e o Dan foi parar em outros canteiros. Assim, fechamos a dupla de trabalho Michel e eu.

Desde a primeira reunião, "descobrir" o Michel, que até então eu conhecia quase que só de vista, tem sido uma alegria. Trabalhamos incrivelmente muito bem sintonizados! Levamos dois encontros e alguns e-mails para elaborar a proposta básica de conclusão do anteprojeto, elaboração do executivo e acompanhamento de obra e partimos para a reunião de sexta, quando finalmente conheci a Anderson - eleita como porta-voz do casal durante a obra. O entrosamento dos três na reunião foi um dos motivos para ela ter sido tão longa - e deu no que deu.

Agora, estamos elaborando o texto do contrato e crio mais este blog para registrar todo o processo de trabalho. As próximas postagens ainda devem contar mais detalhes do percurso do projeto e ainda conter fotos do terreno, (que ainda não fui conhecer), ficha técnica completa etc. Em breve, então, mãos à obra!